Resíduos têxteis da SOL Paragliders ganham nova vida em figurinos culturais
10/02/2025
Saia produzida a partir de paraquedas da SOL, com trechos de músicas MPB - Crédito: divulgação/SOL
Estima-se que sejam produzidas anualmente cerca de 100 bilhões de peças de vestuário em todo o mundo, contribuindo para até 10% das emissões globais de carbono. No Brasil, a situação não é menos alarmante. Conforme dados do Sebrae, cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são geradas a cada ano, das quais apenas 20% são recicladas. Nesse contexto, o upcycling na indústria tem avançado como uma alternativa sustentável e criativa, dando novos usos a tecidos que antes seriam descartados e contribuindo para uma moda com menos impacto negativo para o planeta.
Em Santa Catarina, a SOL Paragliders, atuante no segmento de voo livre, voo motorizado, roupas esportivas e produtos técnicos têxteis para defesa e segurança, está na vanguarda da prática. O programa de responsabilidade social da empresa, que desde 1999 integra economia circular ao reaproveitamento de materiais, tem demonstrado que o reuso pode beneficiar não apenas o meio ambiente, como também a arte e a cultura.
Um exemplo contínuo vem sendo a colaboração da marca com o figurinista, cenógrafo e artista plástico catarinense Marcio Paloschi. Através da parceria, sobras de parapentes, paraquedas e asas de paramotor se transformam em figurinos e cenografias para projetos culturais em diferentes regiões do país.
Recentemente, no mês de janeiro, materiais fornecidos pela SOL encontraram novos significados no palco do Femusc - Festival de Música de Santa Catarina, em Jaraguá do Sul, no maior festival-escola da América Latina. Os itens fizeram parte do figurino para a ópera Madame Butterfly e para o espetáculo MPB - O Grande Circo Místico, além de terem tido destaque marcante no figurino que vestiu a cantora Lívia Nestrovski no encerramento do núcleo MPB (foto).
Crédito: divulgação / SOLConforme explica Paloschi, o processo criativo conduzido na ressignificação destes itens alia técnica e emoção, procurando transformar cada nova peça em uma construção visual memorável. “Sou um curioso e entusiasta do reuso de materiais. Quando fui avisado de um paraquedas que seria colocado como descarte, já começamos a pensar em formas de propor um novo uso a esse produto de material tão nobre, deslocado para outro contexto de sua concepção original”, explica.
O profissional ressalta que a expressão foca para além da beleza estética entregue ao público: a intenção é gerar também uma experiência. “Sempre existe algo que vem ao encontro do criar e acontece a 'costura da ideia' com a matéria. Seja utilizar e criar sobre algo pronto, ou apresentar o que já está pronto e transformar assim a situação, o espaço a ser apresentado como a imagem de cena”, coloca. Por exemplo, a saia utilizada pela cantora Lívia resultou de um exercício coletivo, onde alunos participantes do Femusc escreveram trechos de músicas da MPB, unindo cenografia e narrativa artística.
Também no último mês de dezembro, outro exemplo deste trabalho criativo resultou na criação do figurino da "Mamãe Noel" e seu "Duende Ajudante" para a programação de Natal do Mercado Público de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os materiais fornecidos pela SOL deram vida às roupas e à ambientação dos personagens, desenhadas por Paloschi. Foram usados tecidos especiais e até mesmo um paraquedas completo, que ajudou a simbolizar o "pouso" da Mamãe Noel no prédio histórico, junto ao Centro da capital gaúcha. No local, a dupla interagia com o público e compartilhava histórias para reforçar a magia do período natalino entre os visitantes.
Para 2025, é previsto que mais sobras de tecidos de parapente e paraquedas sigam embelezando palcos e performances. "A família SOL se sente muito orgulhosa por contribuir com a cultura brasileira e a sustentabilidade do setor", comenta o sócio administrador da empresa, Ary Carlos Pradi.
Marca lidera prática de "No Dying" para maior sustentabilidade do setor - O protagonismo da marca em práticas envolvendo a conscientização ambiental não para por aí. A SOL é pioneira no ramo, em todo o mundo, ao reduzir os processos de tingimento nos materiais que servem como matéria-prima para a confecção de parapentes. Uma proposta que vem significando a redução expressiva do volume de recursos hídricos associados à produção dos tecidos para os perfis de parapente.
A companhia faz questão de prevalecer nos seus processos industriais o uso de materiais "No Dying - Natural", que eliminam a necessidade de partes das etapas de tingimento. Todos os parapentes da marca, desde 2017, são fabricados com esses tecidos, que contam com perfis e partes internas em uma tonalidade naturalmente branca, em vez de tingidos de branco, como era comum no setor. Uma escolha assertiva que, conforme a empresa, tem resultado na economia de cerca de 40% do volume total de água e produtos químicos que antes era utilizado para colorir os tecidos.