Materiais Avançados: oportunidade, parcerias e competitividade

09/11/2023

Os desafios da sustentabilidade continuaram a ser explorados neste painel, onde parcerias resultam em produtos inteligentes, não só por suas funcionalidades tecnológias, mas por sua viabilidade de ser reciclado, diluído ou reduzir impactos. Desde a área médica, na área esportiva e também no apoio silencioso da área química para tornar muitos desses desafios uma realidade. 

 Raul Fangueiro - Fibrenamics Institute 

 
A cadeia têxtil e de confecção é muito longa desde a extração de insumos até o descarte do produto usado, sendo desafio de sustentabilidade. Criar fibras mais sustentáveis é eminente. Toda a estratégia da União da Europa tem a ver com o Green Deal e, portanto, toda nossa pesquisa está orientada por esse regulamento. Desde a minimização da extração de recursos até o desenvolvimento de novos produtos e seu descarte, todas as fases são muito pesquisadas.O mundo tem mudado tão rapidamente, mas a tecnologia permite manipular quase tudo em pequenas escalas, desde nanofibrasa macrofibrasque a própria natureza nos fornece até soluções multiescala que a tecnologia permite criar a partir dessas origens. Mas hoje, a orientação e visa, além das funcionalidades, a  redução da pegada de carbono.A plataforma Fibrenamincs Green conecta várias empresas para criar simbiose industriais para reciclar diferentes resíduos de diferentes setores da economia. Um exemplo é a cadeia do automóvel fornecendo resíduos para setor têxtil reciclar e fazer novos produtos, como isolamentos e preenchimentos.Fangueiro citou também o uso da caseína do leite para fabricação de nanofibraspara uso na indústria têxtil, através desse biopolímero. Paralelo à sustentabilidade, estão  sendo agregadas nas fibras naturais funcionalidades como condutividade, aquecimento, respirabilidade, medicinal, etc., como as fibras celulósicas. Fibras mais fortes que o aço e que não sofrem intempéries a partir de pilares de aço corroídos.“temos pesquisado e lançado muitos produtos inovadores para diferentes áreas e convidamos as empresas brasileiras a participarem da nossa plataforma green” diz Fangueira. 

Dania Hage - Decathlon Brasil 

Buscando criar produtos cada vez mais inovadores para a prática de esportes e seus  consumidores, a Decathlon está investindo também na sustentabilidade dos produtos. No vestuário, a oportunidade surgiu para o fitness e moda praia com materiais avançados, mais orgânicos ou mais recicláveis. Além disso, todas as lojas abriram oficinas para conserto dos produtos e torná-los mais longevos. Através do programa Ecodesign, todos os produtos estão sendo revisados e devem melhorar no mínimo em 10% a emissão CO2, devem ser mais duradouros e oferecer reparabilidade. Elastano, poliéster e poliamida são as fibras mais usadas (e bem menos viscose e algodão), sendo o tecido de poliéster o mais utilizado. “agora em moda praia, juntamente com a Lycra Company, conseguimos um fio mais reciclável (T400 ) que é a nossa linha Nabaiji, que mantém todas as funcionalidades que os atletas precisam. O que parecia impossível, agora está se concretizando de forma rápida, mas o jogo não está ganho. Por hora, estamos reduzindo impactos e reforçando o reclycling” cita Hage. 

Leonardo Salles - CHT Brasil 

A CHT iniciou sua apresentação falando da necessidade de colocar a área química em seu devido lugar na cadeia têxtil, considerada por vezes um problema no cenário ambiental. O palestrantereiterou a grande responsabilidade do setor químico com a sustentabilidade e segurança ambiental, pois sem a química não haveria setor têxtil. “A química tem sido considerada vilão, mas sem ela não há também solução. Ela é a trama silenciosa por trás de tudo que nos rodeia” afirma o executivo Leonardo Salles da CHT. Com o slogan “tudo é química” a CHT evidenciou a presença de química a partir do átomo e, portanto, não haveria vida sem ela. Exemplo de química que vem garantindo sustentabilidade é a geração de energia a partir do hidrogênio verde. A química tem sido muito útil nas reciclagens, como um amaciante à base de silicone descartado (milhões de capas de celulares saíram do lixo) que o setor têxtil vem usando e também nas residências. O uso de produtosbio-base em substituição às bases de petróleo chega a 74% de redução de GEE. “As parcerias com produtores locais ou globais têm conseguido reduzir água e energia a partir de desenvolvimento químico para esses parceiros. Atendemos necessidades específicas. A própria sacola entregue para vocês neste congresso foi feita a partir de tingimento bio-base”” informa Salles. O propósito da química têxtil, segundo o executivo, é estar alinhada aos propósitos das empresas e cocriar produtos,conclui. 

Fotos: Soul Studio