Marcas se unem para implantar compliance em fornecedores
17/10/2017
Da esq.para Dir.- Katia Hamada, Fabio Hering, Marissa MacGowan e Aleix Busquet
O primeiro painel da Convenção IAF nesta terça-feira 17, reuniu grandes marcas do varejo e da indústria, nacional e internacional, para falar como eles estão comprometidos com compliance e como eles trabalham com seus fornecedores. Moderado pela gerente de marketing da DuPont, Katia Hamada, o debate ficou muito focado na questão de como o Varejo pode colaborar e não só pressionar os fornecedores para as regras de sustentabilidade.
Para a Fábio Hering, CEO da Hering, iniciativas de sustentabilidade não devem, inicialmente, prever lucro ou aumento do valor da marca, mas evitar a perda do valor, uma vez que consumidores e investidores exigem o cumprimento e implantação de tendências de mercado.
A Hering é uma indústria centenária que migrou também para o varejo na década de 90 e hoje tem mais de 740 lojas, sendo considerada a maior franquia de vestuário do Brasil. A Hering ainda produz parte de seus produtos, mas, a maior produção é feita por parceiros, sendo na maioria aqui no Brasil. Cerca de 25% da produção é feita na Ásia. “Para sairmos de um modelo onde produzíamos 100% dos produtos para um modelo híbrido, tivemos que criar um time de especialistas que não busca auditar, mas capacitar e cooperar com os fornecedores” , explicou Fábio Hering. Ainda segundo o CEO, a Hering expandiu sua produção para diferentes estados , focando em pequenas cidades, onde os produtores foram treinados. Hoje, a Hering diz ser responsável por gerar cerca de 5 mil empregos e fixar essas pessoas em suas cidades. “Somando colaboradores diretos e indiretos, a nossa empresa gera 15 mil postos de trabalho”
O que dizem as grandes marcas
A vice-presidente de Responsabilidade Corporativa do Grupo PVH Corp, Marissa Pagnani MacGowan, que reúne grande marcas internacionais ( Tommy Hilfiger, Calvin Klein, Haritage Brands)expôs o grande esforço que o Grupo vem fazendo para sair da linha de tiro de diversos grupos com diferentes representações (dos direitos humanos até salários dos funcionários, passando pela diferença de gêneros) e buscando não mais ficar se defendendo, mas tentando acabar com o foco do problema. “Assim como a Hering no Brasil, não adianta pressionar parceiros, mas ajuda-los a superar o problema seja ele trabalhista, ético ou ambiental” disse Marissa. “Temos 237 ONGS que nos ligam questionando sobretudo. Por isso, temos que conhecer onde, como, por quem e em que condições todos os nossos produtos são produzidos”. Segundo a executiva da PVH, o conhecimento de todos os impactos tem que começar internamente. Ou seja, a diretoria e os designers têm que rever a forma como trabalham, criam, demandam e criam metas dentro da empresa, antes de exigir o que os parceiros não podem fazer. Nosso grupo vende para 1 milhão de clientes e está presente em 58 países. Podemos fazer a diferença.
Já o líder global de engajamento com parceiros da C&A, Aleix Busquet, vai mais longe e coloca na mesa a discussão sobre salários. “Temos que falar sobre isso. Sabemos que ainda há muita informalidade, em todos os 10 países que hoje produzem 80% de tudo que o mundo veste. E sabemos que há salários irrisórios, muito baixos” afirmou Busquet.
A C&A possui mais de 2 mil lojas, tem 176 anos de idade e é uma empresa familiar com várias gerações. Atualmente tem 60 mil funcionários e está presente em 21 países atendendo 100 milhões de clientes com 1 milhão de fornecedores. O Brasil produz 16% da produção.
“Quando falamos de fornecedores falamos de exposição de milhões de lixo e uso de milhões de litros de água. Para fazer uma camiseta são necessários 7.200 litros de água. Temos que ajudar nossos parceiros nas melhores práticas, pois eles impactam na sustentabilidade”.
Em relação à questão salarial, Busquet ressalta que é preciso criar um mínimo para estes trabalhadores, mediante a realidade de cada País, mas 20 empresas de grandes marcas se uniram neste ano e assinaram um acordo para buscar conversar com representantes de trabalhadores e empresas desses países e começar este diálogo salarial. “ Sabemos que nós também tempos que mudar. Práticas como exigir alterações de última hora tem impacto muito grande nestes parceiros e temos que mudar isso. Compliance, traduzindo, significa Lei. Mas antes de punir, precisamos colaborar” conclui.